A evolução dos jogos brasileiros nos consoles

Salve salve pessoal…

Hoje vou mostrar para vocês a história dos jogos brasileiros nos consoles de videogame.

Hoje, apesar de cada vez mais empresas desenvolverem jogos, e nosso mercado ter até mesmo inúmeros games dublados, anos atrás se você falasse que ouviria um jogo em português, você seria considerado “louco” rs, porém a iniciativa de ter jogos aqui é bem antiga…

Quando os videogames começaram a vir para as terras tupiniquins, algumas empresas pensaram em ter jogos regionalizados para os brasileiros, assim chamando a atenção dos jogadores, uma delas foi a Philips (com a distribuição do console Odyssey 2), que para isso, ao invés de criarem jogos, elas simplesmente mudavam a capa do jogo e traduziam o nome, como foi o caso de K.C.’s Krazy Chase (cópia de PacMan) que se transformou no Come Come. Essa adaptação, incluia também tradução de manuais e caixas para os jogos.

Jogos para Odyssey

O Odyssey 2 foi lançado por Cr$ 150.000,00 (algo em torno de R$ 2.700,00), e ele precisava de recursos para chamar a atenção de jogadores, e por isso a Philips optou pela tradução dos jogos, e até mesmo licenciar personagens, como foi o caso do Didi dos Trapalhões, que foi licenciado para ser usado no jogo Pick Axe Pete, aqui localizado como Didi na Mina Encantada.

Didi na Mina Encantada

Existe um livro gratuito que retrata a vinda dos games para o Brasil em 1983 e 1984, se tiver interesse, clique aqui.

Com o passar do tempo, outra empresa entra no ramo dos jogos no Brasil, a TecToy, fazendo uma parceria com a SEGA para lançamento dos videogames. Mas ao contrário da Philips, não “dava” simplesmente somente mudar o nome dos jogos para o Português, pois games para Master System e Mega Drive, possuíam detalhes nos personagens, e textos, assim começou outra forma de adaptação do mercado.

Turma da Mônica e Wonder Boy

A TecToy fazia 2 tipos de adaptação, a primeira era a tradução de jogos (como a série Phantasy Star e outros jogos como YuYu Hakusho Sunset Fighters) a segunda forma de adaptação era retirar os personagens dos jogos e trocar os sprites, jogos da série Wonder Boy viraram jogos da Turma da Mônica, além de outros games como Asterix virou TV Colosso, os jogos Kung Fu Kid, Astro Warrior e Psycho Fox viraram jogos do Sapo Xulé, Ghost House virou o jogo do Chapolin, dentre outros.

YuYu Hakusho Sunset Fighters

Além desses ports, a TecToy almejava algo maior, a criação de jogos próprios, com isso em mente, parte para uma pesquisa com crianças sobre algum desenho popular, que eles pudessem comprar o licenciamento para a produção do game, assim encontram o Pica-Pau (Woody Woodpecker), dessa forma nasce a premissa para o jogo As Férias Frustradas do Pica-Pau (que encontra personagens como Leôncio e Zeca Urubu, mas senti falta mesmo era do Jubileu o Corvo rs).

“Você disse Pipoca?”

Embora exista relatos de ajuda estrangeira, o jogo foi inteiramente desenvolvido no Brasil, assim sendo o primeiro game totalmente brasileiro a chegar em um console. Eu joguei a versão para Mega Drive, e apesar de eu e meu irmão zerarmos o game, digamos que o jogo não tinha uma qualidade primorosa (o jogo foi lançado em 1996, nessa época jogos como Donkey Kong Country 2 e Vectorman já existiam no mercado). Porém por ser um projeto nacional, e 100% desenvolvido aqui, é notável o trabalho da TecToy.

Férias Frustadas do Pica-Pau

O jogo é no estilo plataforma, sendo que você tem 6 cenários para jogar e alguns chefes para vencer, com um gameplay variado e até mesmo alguns enigmas para solucionar. A cada cenário vencido, é liberado algum amigo da Turma do Pica-Pau.

Após o lançamento desse jogo, a TecToy não parou com as produções próprias, lançando Sítio do Pica Pau Amarelo e Castelo Rá-Tim-Bum para Master System, e para Mega Drive lançou o Show do Milhão, que teve 2 jogos, e vários comerciais que inundavam o SBT.

Show do Milhão para Mega Drive

Além das produções nacionais, a TecToy criou um port do jogo Duke Nukem 3D (usando as premissas e técnicas dos labírintos do Phantasy Star) e criou um port do jogo Street Fighter 2 para Master System.

Mas para Sega Saturn e Dreamcast, a TecToy não lançava esses jogos únicos, e os jogos brasileiros para consoles foram caindo no hiato. Nos anos 2000, mesmo lançando o jogo Show do Milhão, a TecToy sabia que seria difícil continuar com as criações próprias, pois a sua parceira, a SEGA havia anunciado o fim das atividades com os consoles.

Duke Nukem 3D para Mega Drive

Ah Daniel, mas somente a TecToy fazia isso? Não jovens, a Gradiente, representante da Nintendo no Brasil até 2002, também adaptou jogos para o Brasil, no caso específico foram 2 que eram da extinta Acclaim para o Nintendo 64, o jogo Shadow Man e o South Park, ambos tiveram legendas em Português brasileiro.

Além disso, a Eletronic Arts também trouxe o FIFA 99 em Português para o Nintendo 64.

Mas quando a SEGA decidiu parar com consoles, ninguém poderia esperar algo pior para o mercado brasileiro, mas sim jovens, podia piorar… A Gradiente optou por não continuar com a parceria com a Nintendo, assim sendo, o nosso Brasilzão tava sem nenhuma empresa “dedicada” aos consoles por essas terras.

Shadow Man para Nintendo 64

Parecia que nosso mercado já não era mais “atrativo” para o exterior, e nos consoles o que sobravam eram versões hackeadas de jogos, como os da série PES (aqui com o Bomba Patch – Brasileirão), ou as traduções dos fãs para os jogos de Playstation 2.

A Microsoft chegou a distribuir o primeiro Xbox, mas tudo veio a mudar com o Xbox 360, com ele a empresa queria mirar em vários países, inclusive no Brasil e trazer uma qualidade para o nosso mercado, sendo que os jogos dela começaram pouco a pouco a serem regionalizados, um exemplo foi o Viva Piñata, que chegou dublado ao nosso mercado, e isso em 2006.

Viva Piñata de Xbox 360

Para vocês terem noção o espanto que foi, comprei meu Xbox 360 com o Halo 3, quando coloquei o jogo, meu irmão tinha ido na cozinha e ao voltar no quarto ele ouviu a voz da Cortana, ele soltou a frase “ow a gente comprou o game pra você ficar vendo filme?” ai ele parou em frente a TV, viu o gráfico e ambos ficamos ali de boca aberta ao ver um jogo dublado em PT-BR.

Halo 3, baita jogo

De lá pra cá as traduções foram ficando mais comuns e constantes, tanto tradução com os textos quanto a dublagem, mas o mercado nacional de produção de jogos para consoles, só começou a mostrar novos trabalhos em 2008, com o jogo Imagine: Wedding Designer para Nintendo DS, criado pela Southlogic e distribuído pela Ubisoft, onde a ideia central do jogo é planejar um casamento (até o vestido da noiva).

Imagine: Wedding Designer para Nintendo DS

Ainda timidamente, poucos jogos brasileiros chegaram na geração passada, mas nessa geração já vimos mais produções para os consoles, e inclusive jogos ganhadores de prêmios e com uma grande repercussão lá fora, jogos como Chroma Squad, Momodora, Shiny e Aritana fazem a gente olhar o mercado brazuca e pensar que apesar de um crescimento tímido, é um crescimento constante.

Referências:
realmundones.blogspot.com.br
gamesfoda.net
jogos.uol.com.br
gameblast.com.br
n64brasil.com.br

Bom pessoal, por hoje é só.
Abraços e até a próxima.

About Daniel Atilio

Analista de sistemas e blogueiro nas horas vagas. Pode ser encontrado jogando Tetris por ai.

One thought on “A evolução dos jogos brasileiros nos consoles

  1. Eu percebi o problema de jogos traduzido e dublado é que que acontece igual aos filmes dublados e legendados…as vezes determinado ¨palavrão¨ é dublado e legendado de diferentes maneiras…exemplo: já vi em filmes a palavra F…cky you sendo dublado vá se danar… e, legendado vá se f…!!!! Na maioria das vezes percebi que o filme legendado é mais fiel a versão da frase original, acredito!!!! Seria mais ou menos um tipo de adaptação em termos de palavras colocadas ali…mas ao mesmo tempo em games seria mais cauteloso determinadas palavras no quesito xingar. Vejo que em vídeo game em jogos mais hardcore e sangrento existe uma cautela em determinados diálogos enquanto a violência paira no jogo, estranho isso…existe violência mas não tem nudismo, palavrão e até mesmo algo ironizando os políticos de determiados países é excluído, ou seja…os produtores e executivos de deteminados jogos tentam não colocar o lado político das coisas e de países que sofrem com tanta corrupção. Seria mais ou menos o jogo pode ter violência mas não podemos falar mal dos políticos. Principalmente em jogos de guerra onde acabamos com determinado inimigo e no final do game vc acende um cigarro e a letra dos créditos sobe…mas na verdade vi uma vez no filme em que foi citado: que a ¨guerra só é guerra quando alguém ganha dinheiro.¨ realmente só existe guerra porque existe financiamento para a compra de armas, munição, mercenários e qualquer tipo de locomoção: carro, avião, helicoptero e afins. Então acredito também que existe censura sobre determinada tradução e legenda de jogos e ao mesmo tempo também existe censura sobre aquela determinada situação…se foi uma guerra política, religiosa ou uma guerra territorial em que no final das contas seria uma guerra sem sentido nenhum.
    Para finalizar: Parabéns pela a tec toy ter traduzido o clássico Phantay Star, incentivar o desenvolvimento de jogos brasilieiros e fazer parte da história de games traduzido e das nossas vidas. Fui!!!!

    1. A Tectoy fez um excelente trabalho na década de 90 mesmo né, esse cenário só voltou a ter investimentos com a chegada do Xbox 360 da Microsoft.
      E agora estamos vendo nosso mercado crescer mais e mais.
      Obrigado pelo comentário jovem. Grande abraço.

  2. O 1º jogo dublado que eu tive contato foi em 2012, com Call of Duty Black Ops II. Isso foi praticamente no final da geração, imagine quantas games não poderiam ter se aproveitado de todo esse período. Demorou muito tempo pras desenvolvedoras darem atenção ao nosso mercado, principalmente por causa da pirataria. Porém, não vamos esquecer que filmes e músicas sempre tiveram pirataria também, mas aqui os impostos sobre os jogos praticamente condenava nosso mercado. Hoje mudou, mas ainda não chegamos a um cenário ideal de dublagem

    1. Opa, obrigado pelo comentário Victor.
      Inclusive saiu uma série de documentários interessantes pelo The Enemy.
      No caso, falando sobre dublagem e investimentos, vemos como o Xbox 360 foi importante para o mercado brasileiro, segue o link: https://www.youtube.com/watch?v=mGfLgvRfbdw
      Mas vale a pena conferir todos os conteúdos, como do Phantom, Zeebo, etc.
      Grandea braço.

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